O Vento

Posted: maio 30, 2010 by Alessandro Pierre in
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 Imagem: Like the Wind - © Takami

Vem como impetuosa calmaria para minha tempestade
O que é vento hoje está eternamente condenado
A buscar o seu lugar no espaço e seu espaço e si mesmo
Quando vier venha como vento
Quero estar de alma leve para que me leve
Seu sopro me encontrou entre brumas, de asas abertas
Como um condor aportado em um cais de vento
Quis tentar ajustar velas e te navegar
Mas troquei minha vontade pela sua
Hoje o que eu quero é o seu querer
Me leve onde meus pés não me sirvam para nada
Asas são raízes ao contrário
Estou apenas procurando meu lugar no espaço
E meu espaço em mim mesmo
O vento leva seu grito por distâncias incalculáveis
Que me traz doces lembranças, mas não as suas
Não posso me lembrar de você
É impossível lembrar quando não se esquece

Cada Querer...

Posted: maio 25, 2010 by Alessandro Pierre in
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 Imagem: Dreaming our Dreams | © Codrin Lupei

Cada Querer...

Toda a minha vontade agora é te ter
Não como quem tem, mas como quem a possui
Com a força que se oculta no covarde
Com a insensatez do medo que se esquiva do herói
Me perco em seu labirinto sem saida
Descontinuado, desconstruido, desorientado
Bússola sem a rosa dos ventos
Ofuscado pela luz de supernova
Seus olhos  roubaram o fogo do céu 
Oráculo que desenhou meu caminho
Em um rastro feito com poeira de estrelas
Templo de sacrifícios carnais
Com a extatidão da proporção aurea
Quero me esconder em seus cantos mais obscuros
Invisível no incensário tom fumê da sua pele
Banhada pela pálida luz da lua
Que da silhueta de deusa ao seu corpo mortal
Existe um desejo preso aqui dentro
Mas só você possui a chave que me liberta
Cumpri as doze tarefas, percorri os signos
Como estrela errante me perdi na sua elipse
Estás muito distante, escondida...
Em algum lugar bem aqui no meu peito
Revolvendo desejos como monstros
Que se despertam aos sussurros
E que se acalmam ao  te sorver por inteira
Te ver ao longe, foi o materializar  da febre
Ebulição lenta, latente e constante
Cada desejo tem a sua vontade
Cada querer, sua veleidade
Cada paixão deixa a sua saudade

Minueto

Posted: maio 21, 2010 by Alessandro Pierre in
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 Imagem: Music, Her Love | © Toma Moisii

Minueto...


Teu corpo é poesia sólida de sons arrebatadores
Quando dedilhado com dedos sedentos
Sinfonia de cores e formas, sinestesia profunda
Sinto o sabor de cada nota
Obra de um Grande Compositor
Executada por deuses e anjos
Som inebriante e sensual de um violino 
Com a imprudência que me leva ao êxtase
Minueto que me convida a dançar
Ao cálido som das ofegâncias
Que a musica nunca termine
Quanto a mim o que posso te dar em troca
Apenas este singelo poema
Como uma serenata feita na janela da tua alma
Janela de luz acesa me convidando
A ser ladrão para roubar-te beijos
E quanto a você, doce sinfonia...
Entro em sintonia, vou te sentindo com o corpo
Ah.... o  Gran Finale.....
Adiaremos por algumas eternidades



Condenado

Posted: maio 20, 2010 by Alessandro Pierre in
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 Imagem: 1X.com - Colmar Wocke

Condenado

Estou em um lugar onde não podes me ver agora,
Mas sei que ainda ecoo em sua cabeça... Sou palavras
Hoje sou a sombra do que já fui
Mas estou tão perto como antes
Estou em um lugar onde realmente importa
Podes me ver quando fecha os olhos
Vim de longe, pois quero estar sempre próximo
Estou em lugar agora perdido do tempo
Oscilando entre mundos desde que o nosso se desfez
Tropeçando nas palavras que ficaram engasgadas
Deveria ter feito sentir-se melhor quando podia
Agora sou eu quem te desperto a noite
Velando seu sono desvelando segredos
Estou sempre solitário te esperando na porta da frente
Quando adormece, te levo para dançar em sonhos.
Entorpecida me diz coisas que não posso entender
Estou do outro lado do espelho
E um lugar onde todas as palavras rimam
Sussurro teu nome no ouvido e te arranco arrepios
Seus suspiros são o tragar da tua alma
Que tenta fugir com minha para este plano
Mesmo que não percebas, sou eu.
Calçando sua estrada de sonhos
Para não ferirem teus pés descalços
Pairo sobre teu rosto quando deitas
Mas não posso mais sentir tua pele
Caminho deste lado com você
Mas, existe um abismo entre nós.
Estou condenado a viver em um belo lugar agora
Mas qualquer lugar só é perfeito

Janelas, Almas e Borboletas

Posted: maio 16, 2010 by Alessandro Pierre in
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Foto: Borboleta - Nidia Pimenta

Janelas, Almas e Borboletas


Como deve ser lindo o mundo visto da tua janela
Todas as estações são primaveras
Solstícios e equinócios num só dia
Devem haver estrelas, sois e luas que desconheço
Seu mar é infindo quando toca o céu
Da mistura dos azuis, nasceu tua Aura clara
Quero repousar sob tua sombra
No seguro aconchego de tuas asas
É tua toda essa beleza que vês no que escrevo
Descrevo o que te existe dentro
Que por se ver bela no espelho
Esqueces que os deuses, por capricho te colocaram...
Alma pura dentro de uma obra prima
E apesar de possuir um belo corpo
É apenas um casulo que aprisiona
A mais bela das borboletas
O que são as borboletas senão
As flores que aprenderam voar

Perdido No Tempo...

Posted: maio 06, 2010 by Alessandro Pierre in
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Imagem: A Persistência da Memória - Salvador Dali

Perdido No Tempo...


Extremos se tocam
E agora não é ontem e nem hoje
Apenas o nosso lugar preso no tempo
Mas logo amanhece e nada será igual
Tudo novo, tudo de novo.
Posso fugir, fingir não lembrar teu nome
Mas na boca sinto ainda o teu gosto
E na memória tenho o teu rosto
Por você nenhum lugar é tão longe
Por você me arriscaria ao infinito
Talvez a tua língua não venha namorar a minha
Talvez meus olhos não encontrem os teus
É impossível respirar fora da atmosfera que criamos
Onde dois corpos ocupam o mesmo lugar no espaço
Mas estou livre num lugar entre o céu e o inferno
Voo para qualquer lugar se voa comigo
Onde pousarmos ali será meu paraíso
Sei que se cair da nossa altura
Terei seus braços para pousar
Mesmo que acabe o mundo
O nosso mundo vagará pela imensidão
Que tudo seja intenso, enquanto durar nossa eternidade
Além disso, seria sofrimento e nada mais
Te encontrar foi me perder do tempo
Já não me importo se é dia ou noite
Sei que nunca é tarde
Perco a noção do tempo e espaço
Me cortando em estilhaços
Que me abrem a ferida, mas você é a cura.
A paz de quem procura alguém em algum lugar
Posso ser livre ir para onde for...
Melhor que ter pra onde ir, é ter pra onde voltar.

[IN]Verso Em Expansão

Posted: maio 03, 2010 by Alessandro Pierre in Marcadores:
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Imagem: “Mão com esfera refletora” – Mauritis Cornelius Escher



[IN]Verso em Expansão


Trago no peito um espaço do seu tamanho exato.
Trago o surto e a vontade de enlouquecer
Pra não precisar ter razão e nem fazer sentido...
Trago no rosto o sulco, cicatriz de uma pesada lágrima.
Sou absorto e dissimulado... jogando poesia aos ventos.
Sou inteiro de estilhaços, frágil e esparso...
Onde estou nem eu sei, talvez em algum lugar procurando por mim
No exato momento do silencio...
Havia uma eternidade presa no meu instante.
Vagavam perdidas duas partículas: eu e você...
Da nossa colisão nasceu toda a minha dúvida...
Sou meu inverso em expansão.

Vulcão e ventania...

Posted: maio 01, 2010 by Alessandro Pierre in
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Imagem: Ventania by Worth


Vulcão e ventania...


Quando as almas se entendem antes dos corpos
O amor se anuncia na poesia do invisível
Que torna quase tangíveis as mãos
Num verso livre algemando o desejo
Na clausura rubra do coração...
E é um se dar espontâneo
Delírio esse amar tão oceânico
Palavras desenhando o mar
Cama feita para nos deitar
Loucura ouvir tua voz assim de tão longe?
Além da razão o amor se expande
Apaga a linha que divide os hemisférios
Mistério indecifrável que impregna na pele
O calor que vem de teus versos
Que deslizam em meu corpo como tuas mãos
Em cada palavra adentras meus contornos
Meus becos, meus medos
A noite que se esconde no meu peito
E sugas meus seios
Como quem bebe estrelas
E se embriaga do uni_verso nu
Em meu corpo...

(RaiBlue)
(Este poema foi o comentario da RaiBlue no post anterior)